terça-feira, 6 de outubro de 2009

A derme é um tecido inteligente que se renova a cada trinta dias

Foram estas as palavras que quando ouvi, percebi que eu não tinha que estar aqui. E num instante de lucidez entre tantas doses de vodka, foi como ter o momento mais lúcido durante dois anos de relacionamento. É nojento se sentir a mais. E extremamente indelicado para meu gênio feminino ser aqueles três minutinhos de atenção piedosa entre extravagantes risadas e conversações interruptas sobre vidas que provavelmente dormem nesse momento. Essa tediosa acomodação com o cotidiano fez com que eu perdesse um tanto do mérito, do crédito e do perfume que acabou semana passada sem bom proveito. Hoje seu Inácio me conhece mais do que ninguém, de tanto saber de minhas faltas e sobras, e aliás, ele entende muito bem de faltas e sobras, é o garçon mais popular do barzinho que freqüentamos, e sei que compreende minhas angustias. Olha só, agora eles estão falando de TV digital, touchscreen e internet móvel. E por falar em adventos das máquinas e suas tecnologias, teimo em saber qual vai ser o dia que estas vão fazer nossos papéis femininos, já que fazemos o papel delas. Enfim. Hoje sem falta repetirei pra ele "que a derme é um tecido inteligente que se renova a cada trinta dias" do mesmo jeito que ouvi seu amigo falar. E também que preciso fazer alguma coisa urgente pra não enferrujar.